quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Deu na Inpremça

DEU NA INPREMÇA Lúcio Albuquerque BARRIGADA Seu Benu entrou de recesso de natal e ano novo, pegou as férias e foi planejar a fantasia para sua festa de 97 anos, em fevereiro ("Chegado, quantas pessoas você conhece que já chegaram a essa idade?", ele perguntou). Mas resolveu antecipar a volta.E antecipou exatamente em cima de uma barrigada minha: eu mandei para algumas pessoas um e-mail lembrando que todos devem participar do plebiscito, "no próximo domingo, 28". Ele pegou sua cópia e veio disparando todas as armas:"Seu calendário está errado ou você não sabe ler?", perguntou, dentro do seu estilo. E mostrou a matéria no site vozderondonia.com.br onde o juiz eleitoral anuncia o plebiscito, para dia 28 de fevereiro."Primeiro que ´neste mês de janeiro dia 28 é amanhã (5ª feira) e não domingo, que é dia 31. Você precisa prestar mais atenção", bradou o quase centenário.Engoli em seco, pedi desculpas, disse que já havia mandado um e-mail a todos, retificando e admitindo meu erro, mas o seu Benu continuou: "Isso não perdoa a desatenção. Vocês jornalistas têm de prestar mais atenção nas coisas".Ele tem razão. Como dizia aquela emissora global: "He-he, desulpe a minha falha". METRALHADORA Seu Benu também abriu os trabalhos do ano de 2010 com um comentário sobre a manchete principal do Diário da Amazônia, segunda-feira, 25, dizendo que usaram uma metralhadora. Nesse tempo de violência, onde manchete falando de assassinatos já não atraem tanto, com a sociedade en carando isso como banalidade dem termos de notícia, eu continuei concentrado no que estava fazendo, tentando aprender o samba da Mangueira."Chegado, você viu a manchete? Olha o que ela diz: Rapaz é executado com tiros de misericórdia. O que você acha?". E, dentro de seu estilo, nem deixou que eu achasse nada, já foi arrematando:"Não existem "tiros de misericórdia". A expressão "tiro de misericórdia" é inteiramente no singular. Não existe plural", bradou o velho bardo itacoatiarenseE continuou: "Consultei inclusive meu amigo, o escritor Matias Mendes, e ele explicou tratar-se de uma expressão que em francês diz-se "Le coup de grâce", que é quando o oficial que comanda um fuzilamento, para acabar com o sofrimento do indigitado, dá um tiro na têmpora do cara".Aí eu tentei uma saída: "Seu Benu, será que o atirador usava, ao invés de um revólver, uma metralhadora, e aí foram tiros, ao invés de um tiro só?".Seu Benu não se deu por vencido: "Você sempre procurando encontrar saída para os erros que vocês cometem. Para com esse espírito de corpo", bateu firme.
E concluiu: "Segundo meu amigo Odair Cordeiro, aqui foi no plural porque nós somos mais misericordiosos que os outros".